terça-feira, 27 de novembro de 2012

MIL DIAS QUE VALEM UMA VIDA!


 
 
 
A IMPORTÂNCIA DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL DURANTE A GESTAÇÃO E OS DOIS PRIMEIROS ANOS DE VIDA.
"Os pais tem uma oportuniade rara de influenciar o desenvolvimento dos filhos e ajudá-los a se tornarem adultos saudáveis. Essa chance surge cedo e dura pouco, por isso não perca tempo." Escolhi parte da introdução de uma pesquisa da FAPESP de 2011 para começar o post de hoje.
               Todos sabemos que a gravidez exige cuidado redobrado com a alimentação, já que não pode faltar nutrientes para a mãe e para o bebê. Mas será que sabemos que nutrientes são estes? E qual a real importância de cada um deles? E ainda, o que a deficiência de algum deles podem ocasionar?   Pensando em esclarecer algumas destas dúvidas, falarei um pouco sobre um assunto extremamente importante, e que, apesar de ser bastante explorando pela ciência há muitos anos, muitas mamães ainda não o conhece profundamente. Trata-se da PROGRAMAÇÃO METABÓLICA ou IMPRINTING METABÓLICO.  Como o próprio nome diz a ideia é compreender como uma experiência nutricional precoce, ainda na vida intrauterina, a nutrientes, compostos bioativos, exposição ambiental e hábitos de vida das mães podem programar o metabolismo das nossas futuras gerações.

Ao engravidar, o organismo da mulher começa um processo de ajustes metabólicos para propiciar condições favoráveis à vida do bebe. Esta é uma transformação extremamente complexa, porém a mais natural possível, desde que seja atendida uma necessidade primária, a alimentação. Hoje já está bem estabelecido no meio cientifico que, tudo que ocorre durante este período gestacional é decisivo para que os bebês expressem genes de saúde ou doença. Infelizmente, o comportamento alimentar da população atual tem comprometido o desenvolvimento das próximas gerações e aumentado à incidência de doenças que não deveriam existir em idade cada vez mais precoce.

Diversos estudos tem demonstrado que excessos alimentares bem como deficiências nutricionais nessa fase podem predispor o concepto ao aparecimento de doenças com câncer, diabetes e doenças cardiovasculares na vida adulta. Isso acontece porque as crianças que crescem em um ambiente restrito em nutrientes, impõem ao seu organismo em formação, uma serie de adaptações e modificações nas estruturas e funções de diversos órgãos em busca da sobrevivência. O grande problema é que estes ajustes são permanentes, podendo gerar consequências para uma vida toda. Por exemplo, uma má nutrição intrauteriana pode levar a uma diminuição do número de importantes estruturas renais (nefrons), aumentando o risco de hipertensão; Também pode resultar na perda de fibras do coração (cardiomiócitos), prejudicando a função adequada deste órgão; Além disso, este feto desnutrido terá um desvio de glicose para órgãos vitais, como cérebro em detrimento do crescimento muscular; Terá também a função imunológica prejudicada, sendo bebês mais vulneráveis a influências ambientais e ao estress pós-natal.

Sendo assim a importância de uma alimentação diversificada e rica em nutrientes nessa fase é indiscutível. Entretanto, é importante lembrar que aquela ideia de que mulher grávida tem que comer por dois já foi derrubada. Mães que ganham muito peso durante a gestação e que desenvolvem um quadro de resistência à insulina ou até mesmo o diabetes gestacional passarão esta informação epigenética a sua prole, aumentando não só a chance de obesidade da criança na vida adulta, bem como a uma maior predisposição a alergias, asma e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.

Além dos fatores nutricionais, a exposição aos xenobióticos durante a gestação é outro fator frequentemente relacionado ao surgimento de doenças, principalmente câncer. Os xenobióticos são quaisquer substâncias estranhas ao organismo e que, infelizmente, estão amplamente presentes no nosso dia-dia. Podem ser encontrados na fumaça do cigarro, na poluição, nos agrotóxicos presentes nos vegetais, nos medicamentos, nas embalagens de plástico utilizadas para guardar alimentos, nos aditivos alimentares (corantes, conservantes, flavorizantes, edulcorantes) e até nas embalagens dos alimentos industrializados.

Para finalizar, o outro fator comum no estilo de vida atual, e que é extremamente nocivo durante a gestação, é o estresse. Estudos sugerem que ele seja capaz de aumentar as chances de aparecimento de doenças tanto físicas quanto mentais. De fato, todas as experiências emocionais durante a gestação vão influenciar a saúde mental da criança.

Depois de tudo isso, se você já programava fazer alguns ajustes no seu estilo de vida antes de engravidar, imagine agora com as descobertas sobre a programação metabólica! Como vemos, a saúde do seu filho depende do que você é e faz antes mesmo dele existir. Durante a gestação, tudo o que você come, pensa, sente e respira pode estar definindo o futuro não apenas do seu filho, mas também dos seus netos e bisneto.


No próximo post a equipe do IBNI divulgará uma lista com os SETE PASSOS PARA UMA GESTAÇÃO SAUDÁVEL.

Não deixe de ler e repassar as informações para futuras mamães!


Até mais,


MARINA MENDES

CRN1/4959
 

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